11/24/2010

AS DUAS GREVES GERAIS

Embora ainda seja cedo para se tirarem conclusões de números finais, não tenho dúvidas nenhumas em admitir que esta greve geral atingirá uma proporção muito significativa. Seria de estranhar se fosse ao contrário.
De facto, as consequências do Orçamento aprovado, serão muito pesadas para as famílias das pessoas em geral e dos trabalhadores por conta de outrem, em particular. Admito mesmo, que para alguns sectores, serão devastadoras.
Não é relevante, para esta reflexão, debater as razões pelas quais se chegou a este ponto. Para uns, resultado de má governação, para outros, nos quais me incluo, consequência da crise internacional, imobiliária, financeira e económica da responsabilidade da orientação económica neo-liberal, decidida nos inúmeros “G 20” e cimeiras mundiais.
Importa sim, perceber se esta greve geral contribui, ou não, para ajudar a ultrapassarmos esta crise. Sobre isto, admito que tanto pode ajudar, como pode ter um efeito ainda mais pernicioso. Começo pelo efeito negativo, pernicioso:
Se esta greve, politicamente cavalgada pelo PCP e pelo BE e apreciada com simpatia por alguns sectores da direita, ajudar à instalação de um clima de ingovernabilidade, cujas consequências levarão o país a uma maior dependência do exterior com todos os agravamentos económicos e financeiros” possíveis e imaginários” para as famílias em geral, ela será muito negativa. Para além do mais, uma leitura politizada desta greve geral, criará uma situação muito delicada para um eventual governo que substitua o actual, que, ao não descolar-se da greve geral, poderá estar a transmitir a ideia da reversibilidade a curo ou médio prazo, das medidas agora aprovadas neste OE, ideia que, naturalmente não poderá cumprir…
Não admira assim, que esta greve seja particularmente acarinhada pelo PCP e pelo BE (não aspiram ao poder e portanto não sentem a necessidade de tomar medidas concretas) mas, espanta alguma complacência de alguns sectores do PSD, reveladora de quem ou não tem visão a médio/longo prazo ou, de quem quer é chegar ao poder depressa e a qualquer custo.
Como é que, em meu entender, esta greve geral poderia ajudar no combate à crise?
A resposta é, quanto a mim, simples: se ela tiver um efeito tribunício, isto é, se ela servir para afastar as massas mais duramente atingidas pelos efeitos das medidas tomadas de acções de insubordinação ou revolta social, substituindo essa possibilidade, por este meio poderoso, incómodo, mas previsto pelo sistema democrático, e portanto legal.
É que não estamos livres de uma qualquer explosão social, do tipo grego ….


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