7/22/2010

DEMOCRACIA SOB ATAQUE (Parte II)

Há dias, a comunicação social anunciava com grande fragor que o governo se preparava para cortar integralmente o apoio prestado na alimentação das crianças que frequentam as Instituições de Solidariedade Social.
Independentemente do seu desmentido – os desmentidos nunca reparam os efeitos perversos das falsas notícias que lhes dão origem – em meu entender estamos perante mais um, de entre muitos passos, que paulatinamente vêm sendo dados, de destruição da credibilidade do Estado e das Instituições democráticas. Está na linha de outras falsas notícias, que procuravam lançar o pânico e a angústia na sociedade, levando a uma onda de indignação, porventura passível de provocar uma ruptura do sistema democrático.
Se juntarmos a este tipo de informação que visa instalar o alarmismo social, o outro tipo de informação – tal como duas faces de uma mesma moeda – que todos os dias procura convencer que a classe política e os governantes são medíocres, desonestos, dispendiosos e dispensáveis, verificamos que o seu objectivo ultrapassa a mera vontade de derrubar um governo recentemente e democraticamente eleito, para se revelar como um objectivo que visa acabar com esta democracia, representativa, pluralista, baseada em eleições livres e de voto universal para, porventura, vir a ser substituída por um simulacro de democracia, alicerçada nos “intelectualmente e tecnicamente superiores” pré-destinados a exercerem o poder e a prazo, sustentada pelo voto “culto, preparado”, porventura censitário.
É este o caminho que metodicamente vem sendo trilhado por uma objectiva aliança entre o poder económico dominante, de ideologia neo-liberal, e os interesses corporativos há décadas instalados em Portugal e que, como referi, o próprio regime saído após o 25 de Abril, ampliou.
Assim se explica, não obstante os erros, omissões e hesitações do actual governo, o implacável e boateiro ataque que vem sendo desencadeado pelas televisões, jornais e redes electrónicas (por “terra, mar e ar”) contra este governo, e muito particularmente contra o seu líder, não por ser um governo do PS, mas sim porque é um governo que não abdica das golden shares, nem do Estado regulador, assim como vem procurando – em meu entender com avanços e indesejáveis recuos – combater os interesses corporativos instalados.
Tudo começou há 5 anos quando Sócrates e o governo anunciaram a diminuição de privilégios de determinados interesses corporativos (professores, juízes…), ou quando, esse mesmo governo, se recusou a atribuir uma terceira rede de telemóveis a um dos mais importantes grupos empresarial nacional, curiosamente proprietário de um influente jornal.
Os outros partidos, a componente social-democrata do PSD (em processo de extinção) ou os que se julgam à nossa esquerda, na ânsia de provocarem uma crise política, ou não sabem, ou tanto lhes faz, que se um governo cair por força da pressão desta aliança económico/corporativa, está muito mais em causa do que a mera substituição de um partido por outro no poder.
Mas eles, pelos vistos, não se importam de assumir o papel de “idiotas úteis”…




1 comentário:

  1. De facto,concordo em parte com a sua opinião,a alternativa ao partido actual no governo não existe,mas o senso comum,permite-me fazer uma avaliação de alguma preocupação para o futuro,com uma oposição fraca e débil de direita,e na esquerda uma facção destrutiva de estruturas delineadas,penso ser difícil a governação,mas como tudo na vida, temos de ser optimistas e tentar acreditar que cada um dá o seu melhor para melhorar o nosso País.

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